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14.3.06

As facetas de Clooney

CINEMA

FILMES DO OSCAR III
A maré está boa para o ex-galã da série de TV Plantão Médico, que nunca havia participado do Oscar. George Clooney fez uma boa estréia na festa de gala de Hollywood como diretor de Boa Noite Boa Sorte (Good night, and good luck). Apesar de não ter levado estatuetas para casa, apenas a de melhor ator coadjuvante por outro filme, Syriana, que cujo papel, a propósito, exigiu muito de si (ele engordou 14 quilos e se feriu gravemente ao filmar uma cena, chegando a dizer que foi o melhor e pior papel de sua vida), seu filme, onde, além de diretor, foi ator coadjuvante e co-roteirista, foi indicado em seis categorias: Melhor Filme, Melhor diretor, Melhor Ator, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Roteiro Original. Balanço muito bom para um estreante no mais alto mundo de Hollywood.

Clooney chamou a atenção, principalmente, por ter se tornado um ator e diretor politizado, com preferência por histórias com fundo histórico e político. Clooney é reconhecidamente anti-Bush e, após chamar atenção para a indústria do petróleo, o terrorismo e a decadência da CIA em Syriana, em Boa Noite, boa sorte dá uma cutucada na mídia de massa de seu país e na política americana no Oriente Médio, parecendo incrivelmente atual. Ele resgata a carreira do âncora de TV da rede CBS, Edward Murrow (David Strathairn), principalmente seu embate, na década de 50, com o senador Joseph McCarthy, que empregava sua caça aos comunistas no país. Ele se passa em uma TV recém implantada nos Estados Unidos, mas que já mostrava sua grande influência e poder.


Originalmente concebido para ser um especial para a rede CBS, o filme é impecável. Com um orçamento de US$7,5 milhões, não tem pretensões e se passa, praticamente, em um único ambiente: a rede de TV CBS. Clooney acerta em usar de todos artifícios disponíveis para não tornar o filme um documentário. Para começar, não há letreiros ou imagens de época para situar o público, mas, sim, um discurso de Murrow em uma festa em sua homenagem, que resgata toda sua carreira. As imagens de arquivo são usadas discretamente (McCarthy, no filme, é o próprio), livrando uma boa história de ser enfadonha. Há até mesmo um casal de atores ilustrativos, Joe (Robert Downey Jr.) e Shirley Wershba (Patrícia Clarkson), que acabam dando um tom leve à tensão do filme, apesar de, às vezes, ficarem um pouco deslocados na trama. Até mesmo a deliciosa trilha sonora, destacada no filme com a própria banda atuando em um dos estúdios da emissora, tem algo a acrescentar se prestarmos atenção às suas letras.

Sobram cigarros, máquinas de escrever e jornalismo romantizado em preto e branco, em seu eterno embate com a ética inerente da profissão e a guerra mercadológica dos meios de comunicação, na eficiente atuação de Strathairn. Clooney, no filme, é seu editor, um papel meio ‘banana’, mas que confirma sua promissora carreira, após uma pouco falada estréia como diretor com Confissões de uma Mente Perigosa, em 2002. Parece que o galã largou de vez o papel de bom moço e, conseqüentemente, está bem mais interessante.

Marília Almeida

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